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terça-feira, 21 de novembro de 2023

CONVITE

 

CONVITE

A Academia Muzambinhense de Letras convida a todos(as) para a solenidade de diplomação e posse de Tarcísio de Souza Gaspar, historiador/escritor, como membro efetivo e titular da cadeira de nº 18 da AML, que ocorrerá no dia 30 de novembro de 2023, às 20 horas, na sede da AML, na Rua Prof. Salatiel de Almeida nº 88, Sala 11, Centro.



quinta-feira, 2 de novembro de 2023

DESAFIO DAS CRÔNICAS

 

VISITA DO ANJO DA GUARDA

Acadêmico José Nário

    
    Acordei no meio da noite. Alguém sussurrava em meu ouvido. Era uma voz suave, mas de tonalidade masculina. Imediatamente eu concluí que não poderia ser minha esposa, até porque ela ressonava tranquilamente no travesseiro ao lado.
    Pisquei várias vezes na escuridão do quarto para ter certeza de que estava acordado. E rapidamente concluí que estava bem desperto. Olhei em volta, mas nada via devido à escuridão. Escutei apenas um farfalhar de asas, como se um grande pássaro estivesse ali no quarto, escondido na escuridão.
   Dúvidas permeavam meus pensamentos quando a voz falou novamente, bem próxima de mim. Chegou bem perto e disse:
    ─ Não fala nada, Zé. Venha até a sala que eu explico porque estou aqui.
    Fosse o que fosse aquela voz, seu portador sabia o meu nome. Não sei se fiquei mais apavorado ou mais tranquilo. Ainda tinha esperança de que fosse só mais um sonho dos muitos que povoam minhas noites. Em seguida ouvi novamente o farfalhar de asas e senti um arrepio percorrer meu corpo.
    Mesmo sem ter certeza se era ou não um sonho, resolvi levantar cuidadosamente para não acordar minha esposa e fazer o que mandava a voz misteriosa. Ouvi claramente quando a porta do quarto se abriu e uma tênue luminosidade inundou o quarto. Mesmo assim, não consegui discernir o que era aquele vulto.
    Saí da cama e passei pela porta, puxando-a atrás de mim. Fui em direção à sala, onde havia uma certa luminosidade vinda da rua, atravessando a grande vidraça da frente da casa. Um vulto escuro estava parado bem no meio da sala. Quando me aproximei, ainda temeroso, a voz falou novamente:
   ─ Oi, Zé. Desculpe te acordar no meio da noite, mas meu tempo anda meio escasso e só pude vir agora.
    Eu continuava sem entender nada daquilo. Aquele vulto, visto na penumbra, parecia um grande pássaro. Mesmo na pouca luz eu consegui ver que era, na verdade, um homem com asas. Grandes asas, que se moviam de vez em quando, como fazem os pássaros quando estão pousados.
    Ainda muito assustado e sob o efeito do sono interrompido, consegui articular a pergunta que chacoalhava em meu cérebro desde que fui acordado:
    ─ Quem é você e o que está fazendo aqui?
    Ele balançou a cabeça, concordando e disse:
    ─ Ah, claro, desculpe! Preciso me apresentar. Meu nome é Asariel e sou seu anjo da guarda...
    Se alguém pudesse me ver naquele momento, veria que eu estava com a boca aberta e tentando articular algumas palavras que não saíam. Depois de forçar um pouco, elas saíram meio gaguejadas:
    ─ O quê... quê... que ocê disse?
    ─ Eu disse que sou seu anjo da guarda e me chamo Asariel...
    É claro que a primeira coisa que me veio à mente foi que havia chegado a hora da minha partida para o além e o anjo viera me buscar. Mesmo torcendo para que não fosse a minha hora, achei bom que fosse um anjo a me buscar. Isso me dava uma pequena esperança de ir para o céu.
    Meus pensamentos foram interrompidos por uma gargalhada do anjo. Ele até se dobrou de tanto rir. Quando parou, olhou novamente pra mim e falou:
    ─ Vou explicar tudo. Não precisa ficar assustado assim! Não estou para te buscar, ainda... É que nos últimos dias você andou fazendo apelos a vários santos para lhe ajudarem. Parece que você está meio enrolado com uma crônica que prometeu aos seus companheiro da Academia e não encontra a inspiração para escrever, não é isso?
    Já um pouco mais tranquilo, respondi:
    ─ É isso mesmo. Na última reunião da Academia, nossa presidente, Dona Maria Ignês, fez uma proposta que todos nós aceitamos. Para nos incentivar a escrever, ela propôs que a cada reunião alguém apresentasse uma pequena obra escrita, lendo-a para os demais. E nessa primeira reunião ela mesma apresentou uma linda e inspirada crônica que falava do seu rico passado, da sua juventude, seus laços familiares e das belas lembranças advindas desses fatos. Eu me entusiasmei e prometi que seria o próximo a apresentar um escrito. Mas, com o passar dos dias e a proximidade da nova reunião dos membros da academia, eu percebi que a inspiração não vinha.
    Nessa hora, o anjo tossiu e retomou a palavra, bastante irritado:
    ─ Aí você desandou a pedir para os Santos ajudarem. Começou por São José, que tem o mesmo nome que o seu. Depois apelou para São Cristóvão, que já o ajudou muito em alguns acidentes de automóveis. Falou também com Nossa Senhora Aparecida, só porque quando criança você visitou seu santuário. Achou que já tinha alguma intimidade, né? Enfim, pediu para todos os santos conhecidos e terminou com Santo Expedito, o santo das causas impossíveis, não foi isso mesmo?
    Eu fiquei meio constrangido, mas admiti:
    ─ É, fazer o quê. Eu prometi...
    O anjo, mais calmo, continuou:
    ─ Pois é. Essa história de pedir ajuda pra tudo quanto é santo, só deixa claro uma coisa: você não tem é fé em nenhum deles. Não confia em ninguém lá de cima. Se tivesse, não pediria para todos. Mas, mesmo assim, eles resolveram te dar uma chancezinha. São Machado resolveu te ajudar e me mandou aqui.
    Eu fiquei meio surpreso com o nome do santo e perguntei:
    ─ São Machado, quem é esse? Nunca ouvi falar...
    O anjo levantou a cabeça, olhando pra cima e resmungou:
    ─ Deus Meu, quanta ignorância! Como não sabe quem é São Machado? Machado de Assis! São Joaquim Maria Machado de Assis. Era chamado de bruxo do Cosme Velho, mas isso era intriga da oposição. Fundou a Academia Brasileira de Letras e é considerado um dos maiores escritores em língua portuguesa... Um Santo homem, sem dúvidas!
    Eu o interrompi, antes que se entusiasmasse. Falei bem alto:
    ─ Eu sei muito bem quem é Machado de Assis!
    Ele fez um gesto com os braços, como se fosse um regente de orquestra, enquanto dizia:
    ─ Então, taí! São Machado mandou e eu vim te ajudar. Agora é hora de ir embora porque ainda vou trabalhar o restante da noite. Como já disse, ando meio sem tempo de ficar “proseando” por aí. Tchau!
    Ele se voltou e seguiu em direção à porta da frente. E eu fiquei ali pensando que continuava sem entender qual a ajuda que ele havia me dado. Corri atrás dele e falei:
    ─ Pera aí, ainda continuo sem inspiração!
    Ele parou abruptamente, virou-se e falou:
    ─ Pelo amor de Deus, Zé! Presta atenção e deixa de ser chato! Acende a luz, faz um café, abre o computador e escreve!
    Em seguida ele saiu pela porta da frente e logo eu escutei o barulho das asas cortando o ar frio da madrugada:
    ─ Flap, flap, flap...

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

EVENTO DE FORMALIZAÇÃO DE CESSÃO DE SALA SEDE DA AML

No dia 11 de agosto de 2023, na sede da Academia Muzambinhense de Letras - AML, reuniram-se membros da instituição com o Diretor do IF Sul de Minas - Campus Muzambinho - Professor Doutor Renato Aparecido de Souza, acompanhado da Professora Aracele Garcia de Oliveira Fassbinder, Diretora de Desenvolvimento Educacional, com finalidade de formalização da cessão da sala do edifício do IF localizado na Rua Prof. Salatiel de Almeida, nº 88, Sala 11, Centro.

A AML foi representada no ato pela Presidente Maria Ignêz Bócoli Martins e pelo Tesoureiro José Roberto Del Valle Gaspar, firmantes do Termo, bem como pelos acadêmicos(as) Paulo Dipe, Zilda dos Reis Rios, José Nário de Fátima Silva e Lucia Cardoso Vieira Oliveira.

O evento foi prestigiado com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Muzambinho Roosevelt Pereira de Paula, pelo Vice-presidente Marco Antônio Ferreira, e pelo Primeiro-secretário Gilmar Martins Labanca.

Presentes o Presidente do Núcleo Permanente de Estudos Ambientais Prof. Marcos Navarro Miliozzi, e a Professora Neiva Maria Salomão, incentivadores da AML.

A reunião contou com participação de turma de quinto ano da Escola Municipal Frei florentino, dirigidos pela professora Neiva.

Paulo Dipe, Acadêmico, como sempre, deu um show, com performance vestido de Frei Florentino, personagem de peça teatral 'Pedras no Caminho', do grupo de teatro 'Oficina do Ato'.

O Professor Marcos Navarro Miliozzi, dentro da sua competência escolar e do ambientalismo, discorreu sobre a verdade e a necessidade de conservação das águas, diante dos alunos quintanistas.

A cessão da sala foi resultado de atuação de várias pessoas, destacando-se a atuação inicial do saudoso Acadêmico Trindade Escudero e do Acadêmico José Roberto Del Valle Gaspar, e, mais recente, da Acadêmica Lúcia Cardoso Vieira Oliveira, do Vereador Gilmar Martins Labanca, e da Professora Neiva Maria Salomão.

O evento também fez parte do Festival Literário de Muzambinho - FELIM -, que aconteceu de 7 a 12 de agosto de 2023, organizado por um grupo independente, produzido por Tânia Aparecida da Silva Rodrigues, com grande sucesso de público.

Seguem fotos do evento, da jornalista Valéria Vilela:










quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 MUZAMBINHO: UM BOM LUGAR”

A maior parte das nascentes d’água de Muzambinho, estão localizadas na região que limita os estados Minas Gerais/S. Paulo. As nascentes formam muitos regos d'água que existem na extensa Serra de São Mateus. Do lado de cá, em direção a cidade são águas que sustentam a Bacia do Rio Grande. Do lado de lá da Serra, as águas correm para o estado de São Paulo, contribuindo com a bacia do Rio Pardo. Centenas de olhos d'água formam pequenos regos d'água, que vão aumentando de volume e viram bem caipiramente "corgos". Alguns passam a ter nomes de bichos, de gente e de santos... conforme inspirações ou de acontecimentos regionais. Por exemplo, existe aqui no município o Córrego da Onça, Córrego da Prata sendo esse talvez o maior e mencionado poeticamente por Uriel Tavares. Córrego do Pinhal… Lavapés, dos Alves, dos Turcos... etc. Os filetes d’água que inicialmente desceram sobre pedras chegaram até a baixada arenosa no pé da Serra. Ali, árvores mais apropriadas à região vão formando "matas ciliares”, para, entre outras funções ecológicas, protegerem melhor os córregos. Em troca as águas contribuem umedecendo o solo onde as árvores estão. Beirando as águas ficam as belas e fortes folhagens de capituvas envolvendo misturadas a pequenos arbustos entrelaçados a cipós e trepadeiras, assim, protegem e produzem pequenas sementes e frutos para peixes, sapos, caramujos, conchas. Pequenas pedras roladas no fundo do leito formam um ambiente aquático bem diferenciado do anterior lá na serra pedregosa. Acompanhando mais um pouco a trajetória das águas, obviamente pelo declive de 1.100 metros a mais ou menos 800 metros... durante o percurso pelo município formam as várias pararacas, que anunciam estar próximo às cachoeiras… Após as águas terem corrido cinquenta quilômetros na forma de pequenos rios, elas se encontram lá no bairro Barra Bonita, formando todas juntas o Rio Muzambo, que foi assim batizado pelos escravos foragidos da escravidão da região de Varginha, Campanha, Lavras... etc. Eles desceram provavelmente pelos Rios Verde e Sapucaí, em pequenos grupos, aos poucos vieram caminhando pelas margens outras vezes nadando até encontrarem rios menores diceis de navegar. Batizaram um deles com nome: MUZAMBO. Na língua africana(lá deles) significa "bom lugar".
Por aqui na região de Muzambinho, hoje, segundo vários estudos publicados por pesquisadores, aquelas pessoas que desejavam liberdade ficaram morando aqui por ser longe dos grandes rios navegáveis por onde passavam seus perseguidores os terríveis "Capitães do Mato".
Assim, na região, vários pequenos povoados foram aos poucos sendo construídos, mas não chegaram a ser um Quilombo. Angolinha, Moçambo, Mocambinho são nomes que sugerem ter sido colocado por gente que viveu procurando LIBERDADE!


Carlão Coimbra

segunda-feira, 25 de julho de 2022

BERÇO DA VIDA

BERÇO DA VIDA


Parece tão simples viver. Quantas vezes pensamos que fazemos parte de um fenômeno natural?

As regras básicas para a proteção dos que vivem são inicialmente fornecidas pelo instinto. Para quem mora no mato uma folha que cai tem significado. Para quem não conhece onde esta uma folha ou uma árvore não significa nada… lembrando a música de Gonzaguinha: “Somos eternos aprendizes” para um dia sermos “Os cuidadores do planeta”. O processo é longo e devemos estar atentos.

Vemos com alegria das crianças vivendo em contato com a natureza. Mesmo sem irem a escola, aprendem que as árvores não frutificam ao mesmo tempo, assim elas esperam setembro pra chuparem jabuticaba. Sabem também que em novembro já têm mangas no pé. E não tem mais jabuticaba. Assim variando umas com outras, as árvores fornecem alimentos o ano todo. Isso é um exemplo básico para falarmos de sustentabilidade... das frutas que caem no solo vem a fermentação delas para nutrir as próprias raízes das árvores que produzirão os frutos e folhas. O sol envia energia para transformar quimicamente os vegetais, os animais... o ar…, e vem a chuva que molha o chão … e escorre pelo tronco aprofundando nas raízes pra chegarem pelos canais subterrâneos aos olhos d'água no brejo, formando então inúmeras nascentes…

Uma espécie de árvore “descansa” enquanto outras começam a produzir seus frutos.

Escolhi como exemplo esse quadro ambiental bem comum para iniciarmos uma conversa sobre biodiversidade, assunto que me atrai muito.

Sempre estou aprendendo com José de Itabira, Pedro H. Varoni, José R. Del Valle e muitos outros... eles sabem que me encanto com árvores, com bichos, águas, noites, luas, sol, ventos… nuvens… e gente também, claro…

Quando menino eu observava que as penas que caiam das aves, não eram iguais, embora fossem da mesma espécie de pássaro. Fiz coleção delas. Todas eram muito parecidas mas eram diferentes… eu percebia detalhes. Precisavam ser diferentes porque elas tinham as funções específicas para os pássaros… não apenas para ele voar, mas também para proteção, beleza, atração, camuflagem, agasalho… Ontem encontrei uma folha de goiabeira no chão, depois outra e outra, nenhuma das cinquenta que examinei eram iguais, apenas semelhantes. as formas da natureza são harmônicas e essa harmonia acontece pelas diferenças que são as vezes marcantes, outras vezes muito sutis, são quase imperceptíveis. Tudo igualzinho não é bonito, nem equilibrado e nem produtivo. Muito menos estável... ainda bem que a natureza não produz nada iguai senão, nós não estaríamos aqui individualmente, somos frutos de pessoas diferentes (pai e mãe) e somos indivíduos(únicos).

As indústrias feitas pelo homem produzem em série, tudo igualzinho: sapato 42 tem milhões deles. Todos passaram por controle de qualidade para saírem iguais das maquinas iguais. Assim, o que fazemos industrialmente não é como a natureza faz. Árvores produzidas em laboratório são imitações grosseiras das naturais. Interessante que quando fazemos nossos pratos a recomendação é que a mistura deve ser mais nutritiva, do que apenas carnes ou só alface ou macarrão apenas…, embora a gente não perceba no dia a dia, no fundo, a nossa intuição estimula gostarmos da diversidade. Por isso não devemos adulterar a natureza, é mais fácil acompanhá-la e respeitá-la como sendo nossa professora. Por exemplo na natureza vemos cores (não é mesmo?), as cores que misturamos por conta própria num pedaço de papel nos encantam ou nos decepcionam. Mas na natureza sempre existe beleza na mistura que acontece. Mistura de sabores também nos atraem pelo paladar. tentativa de criar sabores(industriais) não substituem os naturais. Por algum tempo usamos e depois enjoamos…

Somos filhos das diferenças, iniciando, pelo sexo masculino e feminino, vemos essa “ordem” também para os animais e vegetais. Observando o “comportamento” dos animais, dos vegetais, diante das temperaturas, no frio, no calor, na água e diante do fogo… Sei que alguns vão dizer que eu falei “o óbvio”. Sim, isso mesmo, eles não estão mentindo, nem errados estão, porque, se não viram até agora nenhuma novidade no que falei... eu direi então… que, eles têm razão… se ainda não perceberam que... na música apreciamos a “combinação” de diversas notas que o compositor conseguiu uma harmonia com notas diferentes…

Hoje nas maravilhas que a internet nos traz vemos um mundo que dá oportunidades para entender que a vida: “O Sopro de Deus” surgiu por existir boas condições de temperatura, pressão para continuar através de diferentes formas que fica assim ainda mais maravilhosa: temos um compromisso com a diversidade biogica que veio se adequando ao meio ambiente desde bilhões de anos até surgir o homem. Sem essa condição o sagrado Sopro de Deus não teria sido incorporado. Portanto não é novidade “somos frutos também da diversidade” (biodiversidade).

Por esse motivo devemos ser tolerantes com os diferentes desde que não comprometam o que pertence a todos, por exemplo as condições adequadas para a VIDA continuar. Obviamente falo de Gaia. O planeta vivo!


Carlão Coimbra.