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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

 MUZAMBINHO: UM BOM LUGAR”

A maior parte das nascentes d’água de Muzambinho, estão localizadas na região que limita os estados Minas Gerais/S. Paulo. As nascentes formam muitos regos d'água que existem na extensa Serra de São Mateus. Do lado de cá, em direção a cidade são águas que sustentam a Bacia do Rio Grande. Do lado de lá da Serra, as águas correm para o estado de São Paulo, contribuindo com a bacia do Rio Pardo. Centenas de olhos d'água formam pequenos regos d'água, que vão aumentando de volume e viram bem caipiramente "corgos". Alguns passam a ter nomes de bichos, de gente e de santos... conforme inspirações ou de acontecimentos regionais. Por exemplo, existe aqui no município o Córrego da Onça, Córrego da Prata sendo esse talvez o maior e mencionado poeticamente por Uriel Tavares. Córrego do Pinhal… Lavapés, dos Alves, dos Turcos... etc. Os filetes d’água que inicialmente desceram sobre pedras chegaram até a baixada arenosa no pé da Serra. Ali, árvores mais apropriadas à região vão formando "matas ciliares”, para, entre outras funções ecológicas, protegerem melhor os córregos. Em troca as águas contribuem umedecendo o solo onde as árvores estão. Beirando as águas ficam as belas e fortes folhagens de capituvas envolvendo misturadas a pequenos arbustos entrelaçados a cipós e trepadeiras, assim, protegem e produzem pequenas sementes e frutos para peixes, sapos, caramujos, conchas. Pequenas pedras roladas no fundo do leito formam um ambiente aquático bem diferenciado do anterior lá na serra pedregosa. Acompanhando mais um pouco a trajetória das águas, obviamente pelo declive de 1.100 metros a mais ou menos 800 metros... durante o percurso pelo município formam as várias pararacas, que anunciam estar próximo às cachoeiras… Após as águas terem corrido cinquenta quilômetros na forma de pequenos rios, elas se encontram lá no bairro Barra Bonita, formando todas juntas o Rio Muzambo, que foi assim batizado pelos escravos foragidos da escravidão da região de Varginha, Campanha, Lavras... etc. Eles desceram provavelmente pelos Rios Verde e Sapucaí, em pequenos grupos, aos poucos vieram caminhando pelas margens outras vezes nadando até encontrarem rios menores diceis de navegar. Batizaram um deles com nome: MUZAMBO. Na língua africana(lá deles) significa "bom lugar".
Por aqui na região de Muzambinho, hoje, segundo vários estudos publicados por pesquisadores, aquelas pessoas que desejavam liberdade ficaram morando aqui por ser longe dos grandes rios navegáveis por onde passavam seus perseguidores os terríveis "Capitães do Mato".
Assim, na região, vários pequenos povoados foram aos poucos sendo construídos, mas não chegaram a ser um Quilombo. Angolinha, Moçambo, Mocambinho são nomes que sugerem ter sido colocado por gente que viveu procurando LIBERDADE!


Carlão Coimbra

segunda-feira, 25 de julho de 2022

BERÇO DA VIDA

BERÇO DA VIDA


Parece tão simples viver. Quantas vezes pensamos que fazemos parte de um fenômeno natural?

As regras básicas para a proteção dos que vivem são inicialmente fornecidas pelo instinto. Para quem mora no mato uma folha que cai tem significado. Para quem não conhece onde esta uma folha ou uma árvore não significa nada… lembrando a música de Gonzaguinha: “Somos eternos aprendizes” para um dia sermos “Os cuidadores do planeta”. O processo é longo e devemos estar atentos.

Vemos com alegria das crianças vivendo em contato com a natureza. Mesmo sem irem a escola, aprendem que as árvores não frutificam ao mesmo tempo, assim elas esperam setembro pra chuparem jabuticaba. Sabem também que em novembro já têm mangas no pé. E não tem mais jabuticaba. Assim variando umas com outras, as árvores fornecem alimentos o ano todo. Isso é um exemplo básico para falarmos de sustentabilidade... das frutas que caem no solo vem a fermentação delas para nutrir as próprias raízes das árvores que produzirão os frutos e folhas. O sol envia energia para transformar quimicamente os vegetais, os animais... o ar…, e vem a chuva que molha o chão … e escorre pelo tronco aprofundando nas raízes pra chegarem pelos canais subterrâneos aos olhos d'água no brejo, formando então inúmeras nascentes…

Uma espécie de árvore “descansa” enquanto outras começam a produzir seus frutos.

Escolhi como exemplo esse quadro ambiental bem comum para iniciarmos uma conversa sobre biodiversidade, assunto que me atrai muito.

Sempre estou aprendendo com José de Itabira, Pedro H. Varoni, José R. Del Valle e muitos outros... eles sabem que me encanto com árvores, com bichos, águas, noites, luas, sol, ventos… nuvens… e gente também, claro…

Quando menino eu observava que as penas que caiam das aves, não eram iguais, embora fossem da mesma espécie de pássaro. Fiz coleção delas. Todas eram muito parecidas mas eram diferentes… eu percebia detalhes. Precisavam ser diferentes porque elas tinham as funções específicas para os pássaros… não apenas para ele voar, mas também para proteção, beleza, atração, camuflagem, agasalho… Ontem encontrei uma folha de goiabeira no chão, depois outra e outra, nenhuma das cinquenta que examinei eram iguais, apenas semelhantes. as formas da natureza são harmônicas e essa harmonia acontece pelas diferenças que são as vezes marcantes, outras vezes muito sutis, são quase imperceptíveis. Tudo igualzinho não é bonito, nem equilibrado e nem produtivo. Muito menos estável... ainda bem que a natureza não produz nada iguai senão, nós não estaríamos aqui individualmente, somos frutos de pessoas diferentes (pai e mãe) e somos indivíduos(únicos).

As indústrias feitas pelo homem produzem em série, tudo igualzinho: sapato 42 tem milhões deles. Todos passaram por controle de qualidade para saírem iguais das maquinas iguais. Assim, o que fazemos industrialmente não é como a natureza faz. Árvores produzidas em laboratório são imitações grosseiras das naturais. Interessante que quando fazemos nossos pratos a recomendação é que a mistura deve ser mais nutritiva, do que apenas carnes ou só alface ou macarrão apenas…, embora a gente não perceba no dia a dia, no fundo, a nossa intuição estimula gostarmos da diversidade. Por isso não devemos adulterar a natureza, é mais fácil acompanhá-la e respeitá-la como sendo nossa professora. Por exemplo na natureza vemos cores (não é mesmo?), as cores que misturamos por conta própria num pedaço de papel nos encantam ou nos decepcionam. Mas na natureza sempre existe beleza na mistura que acontece. Mistura de sabores também nos atraem pelo paladar. tentativa de criar sabores(industriais) não substituem os naturais. Por algum tempo usamos e depois enjoamos…

Somos filhos das diferenças, iniciando, pelo sexo masculino e feminino, vemos essa “ordem” também para os animais e vegetais. Observando o “comportamento” dos animais, dos vegetais, diante das temperaturas, no frio, no calor, na água e diante do fogo… Sei que alguns vão dizer que eu falei “o óbvio”. Sim, isso mesmo, eles não estão mentindo, nem errados estão, porque, se não viram até agora nenhuma novidade no que falei... eu direi então… que, eles têm razão… se ainda não perceberam que... na música apreciamos a “combinação” de diversas notas que o compositor conseguiu uma harmonia com notas diferentes…

Hoje nas maravilhas que a internet nos traz vemos um mundo que dá oportunidades para entender que a vida: “O Sopro de Deus” surgiu por existir boas condições de temperatura, pressão para continuar através de diferentes formas que fica assim ainda mais maravilhosa: temos um compromisso com a diversidade biogica que veio se adequando ao meio ambiente desde bilhões de anos até surgir o homem. Sem essa condição o sagrado Sopro de Deus não teria sido incorporado. Portanto não é novidade “somos frutos também da diversidade” (biodiversidade).

Por esse motivo devemos ser tolerantes com os diferentes desde que não comprometam o que pertence a todos, por exemplo as condições adequadas para a VIDA continuar. Obviamente falo de Gaia. O planeta vivo!


Carlão Coimbra.